Fato Nº 55

Voluntários armênios lutaram com forças francesas e britânicas durante a Primeira Guerra Mundial

A difícil situação dos armênios nos anos finais do Império Otomano se tornou mais e mais terrível quanto políticas genocidas foram postas em prática. Embora muito sangue inocente tenha sido derramado na Anatólia e na Ásia Menor, entre 1915 e 1923, também houve alguns casos de armênios reagindo. A República da Armênia de 1918 tentou sua sorte ao reunir forças regulares e o estabelecimento de um exército organizado na nascente e um de curta duração da Primeira República ao sul das montanhas do Cáucaso. No outro extremo da região – pelo Mar Mediterrâneo – outro grupo de armênios haviam se reunido sob as bandeiras francesas e britânicas para lutar com os aliados contra as forças turcas e alemãs.

Armênio proeminente da época, Boghos Noubar, baseado no Egito, conduziu as negociações em 1916 para estabelecer a La Légion d’Orient. A idéia era recrutar armênios já fora do Império Otomano para lutar pela libertação da região da Cilícia, na costa sul-oriental da Turquia hoje (o local de um reino medieval armênio independente), com planos para posteriormente estabelecer um estado armênio autônomo. Cerca de 4.000 homens responderam à chamada, muitos dos quais eram deportados armênios no Egito e em outros lugares, unidos por outros dos Estados Unidos – cerca de 1200 da América, na verdade – e França, e até mesmo um punhado de Etiópia, de acordo com alguns relatórios.

Devido às complicações políticas entre os britânicos e os franceses, o rumo dos acontecimentos ia contra ao que estava previsto, que era fazer a Legião ir diretamente para a Cilícia e os alcances do norte da Síria. Os voluntários que chegaram ao Chipre para o treinamento passaram pelo Egito e a costa levantina, e depois chegaram até a Cilícia.

Os soldados são lembrados hoje, acima de tudo, como a força que saiu vitoriosa sob o general britânico Edmund Allenby na batalha decisiva de Arara, ao norte de Jerusalém, em setembro de 1918. Mais ao norte, depois que Beirute foi tomada e com a saída de os voluntários sírios que também faziam parte das tropas, os voluntários passaram a ser chamados de forma mais simples e mais descritiva como La Légion Armenienne.

A Legião Armênia finalmente abriu o caminho até a Cilícia, no final de 1918 e início de 1919, e mais de cem mil deportados armênios que sobreviveram ao genocídio os acompanharam e voltaram para suas casas. A Primeira Guerra Mundial tinha chegado ao fim, com o Império Otomano derrotado. Ainda não existia a paz completa, já que a conferência de pós-guerra em Paris se transformou em um longo e arrastado processo indeciso.

No final de 1919 os franceses assumiram o lugar dos britânicos na Síria e Cilícia, enquanto as forças nacionalistas turcas começaram a se organizar sob Mustafa Kemal, que estava liderando a criação da República da Turquia. As decisões políticas e militares feitas entre os franceses e a nova liderança turca deixaram os armênios e os planos de autonomia no esquecimento. Marash, uma cidade no princípio da Cilícia, caiu em janeiro de 1920, o retiro noturno dos franceses foi seguido pelo massacre de milhares de armênios e uma caravana em pânico de milhares de pessoas em fuga, muitos dos quais tornaram-se vítimas de uma caminhada de inverno rigoroso para a segurança. Uma Armênia independente da Cilícia chegou a ser declarada no final daquele ano, mas foi rapidamente derrubada pelos franceses.

La Légion Armenienne foi dissolvida no final de 1920. Este aspecto do legado do Genocídio Armênio ainda é rememorado hoje, especialmente entre as comunidades da diáspora armênia, como um exemplo da vontade dos membros da diáspora para sacrificar seu conforto em prol de uma causa maior nacional.


Referências e Outras Fontes

1. Armenian Museum of America. “The Armenian Legion and Its Heroism in the Middle East During World War I
2. Varak Ketsemanian “The Legacy of the Armenian Legion”, The Armenian Weekly, March 10, 2014
3. “Armenian Refugees Perish in Blizzard: Attempted to Follow French Who Evacuated Marash After Defeat by Turks”, The New York Times, February 29, 1920
4. “The Heroic Armenian Legion”, Keghart.com, January 13, 2010
5. Wikipedia: “Battle of Marash
6. Wikipedia: “French Armenian Legion


Artigo Original


Legenda da Imagem

Religiosos da La Légion durante treinamento no Chipre antes da implantação em 1918.


Atribuição e Fonte

Collection of Alexander-Michael Hadjilyra [CC-BY-SA-3.0], via Wikimedia Commons


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