Fato Nº 78
Os armênios foram os primeiros a utilizar a prensa de impressão no Irã na década de 1630
O armênio foi uma das primeiras linguagens a usar tecnologia de máquinas de impressão. Surpreendentemente, foram necessários mais de 250 anos antes do primeiro livro ser publicado em língua armênia, em Veneza em 1512, e o primeiro livro foi publicado na Armênia, em Etchmiadzin em 1771. Essa foi a realidade dos séculos XVI-XVIII: a pátria do povo armênio foi esmagada com a instabilidade política e econômica, e limites estabelecidos por seus governantes, o sultão otomano e o Shah persa.
Isso não quer dizer que qualquer um dos reis acima proibia o direito de impressão dos armênios. Pelo contrário, as capitais turcas e iranianas foram grandes centros de publicacação nesse idioma. Na verdade, a primeira prensa de impressão no Irã foi criada em New Julfa (bairro armênio de Nor Jougha, parte de Isfahan hoje) por armênios em 1636, sendo o primeiro livro publicado em 1638. Por que demorou dois anos? Não era apenas uma questão de montar de peças e puxar alavancas para Khachatur Kesaratsi e sua equipe – eles tiveram que fazer as peças, a partir do zero, sem consultor europeu ou quaisquer plantas para usar. Eles deram forma às peças, gravaram as letras, e ainda fizeram o seu próprio papel. Foi uma grande conquista tecnológica, e um reflexo de como a diáspora armênia estava na vanguarda do progresso nesta era.
A comunidade comerciante persa-armênia, com sua riqueza abundante, ajudou a financiar livros de todo o mundo durante o século seguinte, incluindo a primeira Bíblia armênia, publicada em Amsterdã entre 1666-1668, e em prensas de impressão na Índia no final do século XVIII e início século XIX.
Constantinopla – e, mais tarde, outra porto Otomano importante, Smyrna – tornou-se um centro de impressão armênio, rivalizando e depois superando o trabalho realizado em Veneza pela Congregação Mkhitarista. Constantinopla, hoje Istambul, pode afirmar ter publicado pelo menos um livro armênio todos os anos desde 1698 (exceto em cinco ocasiões). Mas a primeira vez que uma prensa de impressão armênia funcionou foi em 1567. Também no Império Otomano na época, a primeira prensa de impressão em Jerusalém era igualmente armênia, embora estabelecida numa data bastante mais tarde, em 1833.
O século XIX foi também quando a publicação armênia chegou aos Estados Unidos, iniciada por missionários americanos na década de 1850. A mais antiga prensa de impressão armênia no país foi criada por Haygag Eginian em Nova York em 1890, apesar de Boston assumir nas décadas seguintes. É a California hoje em dia, no entanto, que lidera a publicação em língua armênia na América.
Referências e Outras Fontes
1. Hacikyan, Basmajian, Franchuk, Ouzounian. The Heritage of Armenian Literature, Vol. 3: From The Eighteenth Century To Modern Times. Wayne State University Press, 2005, pp. 43-50
2. Armenian Research Center, University of Michigan-Dearborn and the Alex and Marie Manoogian Museum, Southfield, joint exhibit. Celebrating the Legacy of Five Centuries of Armenian-Language Book Printing, 1512-2012. University of Michigan-Dearborn, 2012
3. Armenian Apostolic Patriarchate of Jerusalem, Holy See of St. James. “Gulbenkian Library”
4. Georgiy Saakov. “Armenian book’s divine breath through the ages”, The Armenian Reporter, February 8, 2013
Artigo Original
Legenda da Imagem
As Escolas de Nova Julfa/Nor Jougha, publicado em 1914, seguindo uma prática centenária
Atribuição e Fonte
Por Տիգրան Աբգարեանց/Tigran Abcarians (1877-1950) [Public domain], via Wikimedia Commons