Fato Nº 61

A Armênia Bagrátida existiu entre 884 e 1045

A última dinastia a usar uma coroa e se sentar em um trono nas tradicionais terras armênias foi a Bagratouni (ou Pakradouni, em armênio ocidental, conhecida como Bagrátida no Ocidente).

Essa nobre casa tem origens antigas, cujos registros remetem ao século I a.C. Tradicionalmente, os Bagrátidas são tidos como descendentes de Davi (algo muito explorado pelo ramo georgiano dessa família, que governou partes daquele país por cerca de mil anos). Durante os séculos III e IV, com a dinastia dos Arshakouni (Arshagouni ou Arsácidas) reinando na Armênia Maior, os Bagrátidas ostentavam o título de Tagatir – aquele que coroa o rei durante a cerimônia de coroação.

Após o jugo árabe e a consequente dizimação de muitas famílias aristocráticas da Armênia durante o século XVIII, os Bagrátidas conseguiram recuperar, pouco a pouco, sua proeminência nas gerações vindouras, até finalmente se revoltarem e jogarem os bizantinos e os árabes uns contra os outros em seu benefício: tanto o califado em Bagdá quanto o imperador em Constantinopla reconheceram Ashot Bagratouni como rei enviando a ele coroas em 884-885. O imperador bizantino Basílio I era, de acordo com algumas fontes, descendente da dinastia Arshakouni, de forma que o ato da coroa sair das mãos de um Arshakouni para a cabeça de um Bagratouni pode ser considerado como tendo significado uma inversão histórica de papéis.

Porém, ao contrário do que ocorreu na era Arshakouni, o chefe da dinastia Bagrátida não tinha um poder centralizado, mas era uma espécie de “Alto Rei” em meio aos nobres de diversas áreas. Alguns líderes de regiões como Vaspourakan, Siunik e Taron mantiveram autonomia em menor ou menor grau por séculos, seja ante ao imperador ocidental, ou ao califado/xá no sul. Eles permaneceram como mestres de seus domínios mesmo muito tempo depois que a independência da Armênia foi findada pelos bizantinos em 1045, enquanto as invasões turco-seljúcidas desde o Oriente mitigavam as posições dos Bagrátidas.

Enquanto isso, a Armênia Bagrátida, embora imersa em batalhas e intrigas, alcançou uma era de imponente arquitetura que em grande parte pode ser admirada ainda hoje na última capital armênia nas terras ancestrais, Ani (clique aqui para ver o fato sobre essa cidade). Os complexos de monastérios de Haghpat e Sanahin também datam desse período; são populares destinos turísticos na Armênia atualmente e ambos estão listados como Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO. O Forte de Amberd, cujas ruínas não estão muito distantes de Yerevan, também foi construído durante essa mesma época. O reinado dos Bagrátidas foi também a época da obra mística de orações conhecida como Livro das Lamentações escrita por Gregório de Narek (ou Krikor Naregatsi), venerado como santo pela Igreja Armênia.

Por Sémhur [GFDL or CC-BY-SA-3.0-2.5-2.0-1.0], via Wikimedia Commons


Referências e Outras Fontes

1. C. Toumanoff. “Bagratids”, Encyclopædia Iranica, Vol. III, Fasc. 4, 1988
2. Levon Zekiyan. “The Armenia of the Bagratids (Bagratuni) and Artzruni”, Hye Etch, August 30, 1999
3. UNESCO World Heritage List. “Monasteries of Haghpat and Sanahin
4. Wikipedia: “Bagratid Armenia
5. Wikipedia: “Bagratuni Dynasty


Artigo Original


Legenda da Imagem

Uma representação da bandeira da Câmara dos Bagratouni


Atribuição e Fonte

Por Gegart [CC-BY-SA-3.0], via Wikimedia Commons


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