Fato Nº 88
Talaat Pasha foi assassinado em Berlim no dia 15 de março de 1921
Talaat Pasha era um dos três oficiais que dirigiam os Jovens Turcos nos últimos dias do Império Otomano e o principal organizador do Genocídio Armênio. Ele fugiu para Berlim assim que Aliados venceram na Primeira Guerra Mundial. Os tribunais militares que aconteceram no território ocupado de Constantinopla, nos anos 1919 e 1920 condenaram-no e outros grandes oficiais à morte à revelia por seus papéis nos crimes horríveis cometidos, em particular contra os armênios e outros cristãos otomanos. No entanto, essas sentenças não puderam ser executadas por esses tribunais, e pouco depois o movimento revolucionário liderado por Mustafa Kemal atravessou o processo. As potências ocidentais posteriormente fizeram seus próprios acordos com o novo governo turco, agora com sede em Ankara.
Os armênios, no entanto, não permitiram que esses vereditos caíssem no esquecimento. O que é chamado de “Operação Nemesis” orquestrou a perseguição e assassinato de uma série de altos oficiais fundamentais para a realização do Genocídio Armênio. Provavelmente o maior destes assassinatos – certamente o mais sensacional – foi o de Talaat Pasha, que foi morto em plena luz do dia em Berlim, em 15 de marco de 1921.
Soghomon Tehlirian foi quem puxou o gatilho. Como muitos de seus compatriotas, ele havia testemunhado os horrores de 1915, assistindo sua família massacrada diante de seus olhos e sendo deixado para morrer. Sobreviveu, e ingressou na Federação Revolucionária Armênia, Tehlirian ganhou alguma experiência de combate e treinamento antes de ser envolvido nos planos de assassinato encobertos. Ele chegou na Alemanha, se alojou perto de onde Talaat Pasha residia em Berlim e, depois de algumas investigações, cumpriu a sua missão.
Parte do objetivo era ser pego, para ter um julgamento, e gerar uma cobertura. O caso todo foi um grande evento para a época, não apenas porque ele trouxe à tona a realidade do Genocídio Armênio que era lentamente deixada de lado – em particular na própria Alemanha, onde a notícia de tais massacres em um país aliado não foi espalhada livremente durante a guerra – mas porque, no final, Soghomon Tehlirian foi absolvido por seu crime. Não houve negação, não há dúvida de quem matou quem e como. Mas, depois de ter sido exposta toda a história – a transcrição foi executada por páginas e páginas, detalhando experiências horríveis de Tehlirian e estado mental mais tarde – o júri achou melhor libertar Tehlirian. Desnecessário dizer que o caso causou um imenso clamor e forneceu um forte sentimento de vingança para os armênios já dispersos por todo o mundo.
Tehlirian mais tarde viveu na Sérvia, antes de finalmente mudar para a Califórnia, onde morreu em 1960. Ele foi enterrado em Fresno, no Cemitério Ararat, debaixo de um obelisco tampado por uma águia com as asas estendidas atacando uma cobra. Os restos mortais de Talaat Pasha foram transferidos da Alemanha nazista para Istambul em 1943, enterrado com todas as honras em um monumento nacional, que ainda está de pé.
Referências e Outras Fontes
1. Vartkes Yeghiayan. The Case of Soghomon Tehlirian. Center for Armenian Remembrance, 2006
2. Edward Alexander. A Crime of Vengeance: An Armenian Struggle for Justice. iUniverse, 2000
3. Eric Bogosian. Operation Nemesis: The Assassination Plot that Avenged the Armenian Genocide. Little, Brown and Company, 2015
4. Josh Blaylock, Mark Powers, Hoyt Silva. Operation Nemesis: A Story of Genocide and Revenge. Devil’s Due Entertainment, 2015
5. Paolo Cossi, Jean-Blaise Djian, Jean Varoujan Sirapian. Mission spéciale: Némésis: Hadoug Kordz. Editions Sigest, 2014 (in French)
6. Rouben Paul Adalian, Armenian National Institute. “Talaat, Mehmet”
7. Thomas de Waal. “Incompatible Tombs in Istanbul”, Eurasia Outlook, June 13, 2013
8. Stefani Booroojian. “A History Lesson at Ararat Cemetery”, KSEE24 Fresno, February 23, 2015
9. The Trial of Soghomon Tehlirian (unedited transcript)
10. Wikipedia: “Soghomon Tehlirian”
11. Wikipedia: “Talaat Pasha”
Artigo Original
Legenda da Imagem
Manchete da Tribuna de Nova York do dia 4 de junho de 1921; o primeiro parágrafo da história inclui: “… Sua defesa foi a de que, seguindo um incentivo de sua mãe, revelado a ele em um sonho, disparou contra o homem que ordenou o massacre armênio para realizar a condenação de morte dada pela nação armênia.”