Fato Nº 29

Um clube de lançamento de foguetes de um colégio libanês-armênio chegou à estratosfera em 1960

A década de 1960, sem dúvida, trouxe-nos alguns momentos decisivos da Guerra Fria: a Crise dos Mísseis Cubanos, a Primavera de Praga, o líder soviético Nikita Khrushchev supostamente batendo seu sapato em um pódio nas Nações Unidas… tudo isso em meio a aumento das tensões na construção e desenvolvimento de mais e mais armas mortais sob o comando de Washington e Moscou, acelerados por quem ganharia a corrida espacial.

Haviam muitos foguetes levando as estrelas e listras e a foice e martelo disparados na direção da lua e às estrelas naquela época. Mas também haviam alguns marcados por um cedro – árvore que é o símbolo nacional do Líbano.

A Sociedade do Foguete Libanesa começou como Sociedade do Foguete do Colégio Haigazian, nomeado como o instituto armênio de ensino superior no Líbano (hoje chamada de Universidade Haigazian), fundada há apenas alguns anos antes, em 1955, como um lugar para continuar o legado das oito faculdades que eram utilizadas para atender a população otomana-armênia.

Liderados por seu professor de ciência Manoug Manougian, originário de Jerusalém e educado nos EUA, os alunos de Haigazian fizeram experimentos com o lançamento de foguetes como um meio de estudar física e matemática, usando os espaços abertos das zonas rurais do Líbano como os seus locais de teste. O instrutor e sete alunos de graduação conseguiram reunir doze foguetes ao longo de seis anos.

As autoridades de Beirute ficaram sabendo do projeto – incluindo o presidente do próprio país – e começaram a apoiá-lo, fornecendo financiamento e liberando a utilização de instalações militares como plataformas de lançamento. Uma das séries de foguetes, Cedar 4, foi inclusive comemorada em um selo postal; chegou a uma altura de cerca de 150 quilômetros (90 milhas). Desnecessário acrescentar, os membros da comunidade armênia do Líbano também mostraram entusiasmo por essa ter sido a única iniciativa tecnológica do tipo no Oriente Médio e no mundo árabe.

O programa chegou ao fim em 1967 após o lançamento de Cedar 10, que atingiu 600 km (360 milhas). A situação política na região trouxe uma grande pressão sobre o país. A unidade científica e educacional que estava impulsionando o Sociedade do Foguete Libanesa estava exausta pelas dinâmicas militares envolvendo os Estados Unidos, a União Soviética, Israel e a vizinhança. Manougian, por sua vez, voltou para os Estados Unidos, dando continuidade à sua carreira acadêmica na Universidade do Sul da Flórida.

Um documentário lançado em 2012 trouxe a história da Sociedade do Foguete Libanesa de volta à memória pública de um país que tinha visto décadas de conflito civil e instabilidade e, como resultado, tinha esquecido as alturas que tinha alcançado na década de 1960. Uma escultura réplica em escala do foguete Cedar 4, produzida pelos cineastas, hoje fica no campus da Universidade de Haigazian, comemorando esta aventura libanês-armênia.


Referências e Outras Fontes

1. “Rocketry (1960 – 1966)” from the website of Professor Manoug Manougian at the University of South Florida
2. Alex Hannaford. “The Lebanese Rocket Society”, The Telegraph, October 9, 2013
3. Joana Hadjithomas and Khalil Joreige. “On the Lebanese Rocket Society”, e-flux, #43 03/2013
4. The Lebanese Rocket Society. Khalil Joreige, Joana Hadjithoma, 2012. 95 min.
5. Richard Hooper. “Lebanon’s forgotten space programme”, BBC News, November 14, 2013
6. Haigazian University. “History


Artigo Original


Legenda da Imagem

Universidade Haigazian, Beirute, Líbano


Atribuição e Fonte

Por Grigory Gusev [CC-BY-2.0], via Wikimedia Commons


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